segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Rebobine, por favor.

Era uma segunda-feira normal. O tempo passa arrastado, é comum. O tic tac do relógio custa a marcar as 18h para a multidão invadir o transporte público.

Chegaria em casa, daria um oi pro meu bichano, pro meus pais, talvez. Correria para o quarto, colocaria a minha série preferida para baixar, como você me ensinou. Carregaria o celular, ansiando por alguma novidade do teu dia.
Ele iria tocar em breve, de repente enquanto eu jantava na salada ao lado. Você iria atender e falar: "Oi linduca! tudo bem?". E eu iria te falar que não estava nada bem porque o suporte da go pro tinha quebrado e ele tinha sido caríssimo mesmo eu conseguindo pechinchar no camelódromo. E você iria rir e me falar para parar de comprar besteiras e que eu não aprendo nunca a não confiar em objetos falsificados. Desculpe, tenho alma de judeu.

Mas daí que hoje é segunda-feira, 8 de agosto. E já faz um tempo que meu celular não toca com você me perguntando as novidades. Ele tem tocado sim, confesso. Amigas ligam, os grupos de whatsapp nunca se tornaram tão úteis e até um ou outro me surpreende querendo saber como estou. Poderia estar feliz, afinal, se sentir querida e amada por pessoas comuns (que não sejam você) é muito bom também.
Só que acontece é que volta e meio meu coração ainda pensa que você vai ligar, que você de repente até se lembre do meu endereço e ao invés de uma ligação, você faça como antigamente e apareça na minha casa sem motivo algum. Só pra saber: "Como você tá? Não se preocupa tanto, Bica! Vai dar tudo certo!". 

Esse tempo que o telefone não ligou é o tempo que eu tô tentando fazer dar certo. Ao meu modo, mas estou.

Então aí vai como seria nossa conversa depois desses meses de fios cortados. Não porque o amor acabou, acho eu. Mas porque o destino insiste em mostrar sua cara e seus desafios. 


"Tudo bem sim, meu grande amor.
Por aqui ando meio esquecida mas ao mesmo tão atordoada. Tento me lembrar da última vez que te vi e minha mente embaça e me faz pensar: será que esse esforço para te lembrar é o coração dizendo que te esqueci? Bom, essa parte tá muito música do Los Hermanos e sei que você detesta.
Sei que você também foi naquele show da Banda do Mar porque eu insisti muito. E claro, porque eu também paguei os ingressos hehe.
Insistir sempre foi meu forte. Hoje me pego pensando e ouvindo The Kooks, parêntese: você ainda ouve por uma acaso? espero que sim porque a banda é foda.
Ouvindo e pensando alto que talvez meu maior erro é insistir. Insistir para que me achem legal, simpática, bonita. Para que você fosse comigo na feira do Lavradio, na praia do posto 12, no bar novo da moda. Onde comeríamos uma entradinha sem graça e chegaríamos a conclusão que você cozinha muito melhor. 

Você ainda cozinha? Abre um bom vinho (comprado no Zona Sul claro, nunca no Pão de Açúcar mesmo sendo em frente a tua casa) e acende um cigarro na janela da sala? 
Eu tô indo, sabe. Sei que lá em cima falei que tava tudo bem mas é que bem é um estado relativo. Tem dias que acordo querendo ser saudável, coloco meu tênis e dou uma corrida aqui na rua. Pronto, penso que você ficaria até orgulhoso porque quem já correu 21 km merecia uma namorada mais atleta.
Mas tem outros dias que me bate uma melancolia escrota e eu coloco Boyce Avenue e seus acústicos e gosto de sentir a tua lembrança me invadir como uma tarde boa de domingo. De preguiça, de jogo do Flamengo, de bar Urca. 
E você, tá bem? Ainda coloca a butuca do cigarro pra fora da janela? Insiste em ganhar do seu pai na sinuca? Dorme com o ar condicionado no 18? Deixa as roupas atrás da porta para que ninguém veja?
Queria saber se tava tudo bem assim contigo também. 

Espero que sim. Que no final dessa ligação imaginária você também se pergunte se eu ainda gosto de dormir do lado direito, se ainda sou viciada em Neosoro (preciso de tratamento urgente) e se ainda jogo a toalha em cima da cama.
Eu nunca responderia, sabe por que? Porque acho que você precisaria ver com seus próprios olhos.
Espero que esteja tudo maravilhoso na faculdade, Te cuida, beijo".


E nos despedíriamos como meros conhecidos que trocam amenidades do dia dia. Que se encontram no ponto de onibus e fingem estar preocupados com a mudança de tempo no dia seguinte ou com a crise do Mensalão. Mas no fundo, saberíamos que a maior vontade era saber se ainda nos gostamos, nos sentimos e se ainda podemos ser consideramos como um só.

Eu acho que não, você iria responder. Tão objetivo e tão certo das atitudes. Daqueles que não voltam atrás, que não se arrependem. Você é forte e decidido para esses assuntos do amor e eu admiro essa tua coragem. Me fez compreender que somos fortalezas quando precisamos. E em outros momentos tão frágeis e pequenos... o amor tem dessas coisas cafonas mesmo. E doídas. 


E eu entenderia que esse teu silêncio fez o telefone nunca tocar. Na verdade, você cortou o fio. Atravessou a rua e eu entrei no taxi e nunca mais nos vimos. Você ainda lembra de mim?

Ficam no ar as perguntas, a saudade, a vontade de que essas segundas de lembranças sejam sempre frequentes para me lembrar quem eu sou. Que em alguma parte de mim, as memórias ainda são vivas quanto a última foto que tiramos fantasiados, lembra? Você de faraó e eu de egipicia. Todos porpurinados, suados mas felizes. 


E eu desligaria feliz e agradecida por ter você em minha vida, mesmo de longe, com uma última pergunta: você ainda gosta de Carnaval?
Espero que sim. Porque lembrar dele me lembra de ti e me faz sorrir. Mesmo que do olho direito caia uma lágrima. 

É o amor falando: "valeu a pena". Venha me ver sempre que quiser e der saudade. 

"Obrigada. Boa noite, tenho que ir dormir. A gente se fala, né"



Tun tun tun.....  

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ei de ser somente eu

Então a gente se pega olhando no espelho, experimentando roupas antigas que você jurava que não cabiam mais, resgatando velhos números e amores em uma agenda telefônica.

Você pinta o cabelo, faz as unhas, compra um salto novo. Entra na fila de novo, sabe? Essa fila de corações meio partidos ou partidos por completo ou simplesmente uma fila de corações vazios a espera.

A espera de te laçarem por aí como uma pessoa carente que precisa ser pega a qualquer momento. Que precisa de mensagens, ser correspondida. Que precisa fazer joguinho, que precisa dar uma de durona porque "é isso que as pessoas fazem". Esses tipos de pessoas que você já se esqueceu como são.
Mas que você também é agora.

Você se tornou uma daquelas pessoas que aprenderam a gostar da sua própria companhia. De escolher uma nova série favorita porque aquela antiga, o velho amor levou junto com o tempo. Daí recomeça tudo: assiste os primeiros episódios, se apega ao personagem principal e começa a viver e a respirar tudo sobre ele.
E ficar em casa sexta a noite sozinha nem é tão ruim assim.

Então penso que demoramos para entender que ninguém deve ser preenchido por ninguém. Que se amar vem muito acima de qualquer outro amor. As vezes é necessário ser egoísta sim e como dói: a gente não entende como o outro tem aquela vontade tão dele, que nem sempre é a mesma que a nossa e a gente sofre.
Sofre e também aprende que quando somos egoístas nos protegemos.

Eu ainda não sei do que me protejo hoje em dia mas serei um pouco egoísta daqui pra frente. De repente seja de discar o número errado e esperar que caia em você, ainda.

Dê licenca, tempo. Hoje vou ser egoísta e preguiçosa, guardar esse monte de maquiagem e mensagens mal escritas para sei lá quem. Vou ficar eu e mais ninguém, debaixo de um edredon, esperando passar essa dor que parece incurável.

Só assim se transborda. Mas se completar não. Ei de ser sozinha daqui por diante, mesmo junto de ti.


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não cabe mais em mim

Não cabe mais em mim o primeiro dia que te vi. Estava cheio, era um dia de bar lotado, todos com a camisa do Flamengo atentos na televisão e eu chegando de roupa do trabalho. "Quem é aquele menino de cabeça raspada, camisa do Flamengo?". Como eu iria saber, metade do bar (por sorte) era flamenguista. Por sorte também ou destino, nós dois também.

Não cabe mais em mim nosso primeiro beijo. Não foi aquele beijo de conto de fadas, que a gente imagina quando tem 7 anos (ou 27, vai saber). Tímido, te puxei pra mim como se o ar fosse acabar naquele show. Continuei te puxando pra perto durante todos esses anos, acho eu.

Não cabe mais em mim o primeiro "eu te amo". E logo depois o: "eu também". Como sua timidez é aparente, quem soltou essas palavras fui eu mesma. Quem mais seria? A pessoa que mais gosta de falar no planeta, com os bichos, as paredes, no banho, com o porteiro ou o trocador. Com você. Com aquele jeito que o mundo vai parar se eu também parar de falar.

Não cabe mais em mim todos esses planos. Toda aquela história de "vamos viver felizes para sempre". Porque você sabe, quando amo é pra sempre. E quando choro, são rios e lagos profundos que eu gosto de me afogar cada vez que penso que esses planos não existem mais.

Não cabe mais em mim essa dor. Essa angústia que corrói cada pedacinho do meu pequeno ser. Chega a doer de verdade, já sentiu isso? É uma dor física que me faz querer ficar deitada o dia todo, de pijama e meia furada. A meia que você deixou aqui com aquela camisa brega que você também usava e também estava furada. Quem diria que eu iria sentir saudades desses tantos furos, dessas tuas roupas por aqui, dessa saudade que ficou.

Por falar em saudade, também não cabe mais em mim essa que eu sinto. Vão me perguntar e eu nem sei saudade do quê. Porque o passado é tão recente, parece que foi ontem. Saudade a gente sente daquilo que sabe que não volta mais. Na verdade, de repente nem volte. Mas só de saber que eu quero, pode ser que sim. Pode ser que não. E aí a saudade incomoda, invade, arranca meu coração do peito...não cabe mais aqui dentro.

Não cabe mais em mim tanto amor. Amor desses que a gente sente uma vez só na vida, entende. Amor que é de verdade, que não é piegas, que dispensa clichês mas também possui um montão porque amor é clichê, no final das contas. É pendurar fotos pelo quarto todo, é chamar o amado de apelidos esdrúxulos, é ligar no meio da tarde só para saber se a pessoa corre perigo. Porque viver nessa vida, nada mais é que correr perigo. Amar é correr perigo.

A gente cresce, se apaixona, ama, depois é largado ou larga a pessoa amada. E nem sempre ela volta em 3 dias.
Mas o amor continua. Não cabe mais tanto aqui dentro. Não cabe mais rever e rever nossa história, procurar onde errei, onde foi que desperdiçamos nós dois.

De repente nem tenha essas respostas tão cedo. De repente nem quero tê-las pelo simples fato de gostar de viver com essa questão, essa pontinha de esperança que só quem ama irremediavelmente tem. Porque enquanto eu sentir, não vai caber mais nada aqui. E eu vou seguir achando que só vai caber, quando alguém voltar pra mim e preencher tudo de novo.

Espero que seja você.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Last but not least ou "Você não pode perder essas dicas!".

Desde que comprei meu Lev ando lendo MUITO. PAUSA.
Ainda não tinha comentado com esse pequeno público que me contempla com 0 comentários, sobre a minha melhor compra dos últimos tempos: um leitor digital de livros! E de revistas e documentos importantérrimos (que quando for uma executiva de uma multinacional eu lerei) que você pode passar para o leitor como um pen drive. É muita tecnologia para uma leiga como yo! Estou apaixonada.
Só quem lê no Metrô todos os dias sabe do que tô falando: é um tal de se equilibra pra cá, prende a bolsa na frente (com medo das bandidinhas do vagão das mulheres, juro!), se dependura naquele aço frio que mais parece um pole dance. Isso tudo MAIS a tentativa frustrada de passar as páginas e segurar além da sua bolsa, sua marmitinha linda e mais algum guarda chuva pingante em um dia frio (saudades!) do Rio.

[Pois bem, adiante.]

Queria dividir os dois melhores livros dos últimos tempos! Assim, eu ando lendo muito mas antes desses dois estou meio relapsa dos outros que li mas tenho quase certeza que foi algo do Convergente/Insurgente. Sempre esqueço a bosta da ordem desses livros, tudo nome igual, pqp. Vamos ser mais criativos next time ok?
Ah, lembrei. Foi um livro muito pentelho chamado “Se eu ficar”. Livro dramático até o fim mas que eu achei bem bobinho e mesmo tendo um final que você não sabe o que acontece, caro leitor, não me deu nenhuma vontade de devorar a continuação. Mas aposto tudo que se eu visse o filme, iria chorar horrores. Vai entender essa manteiga derretida aqui. Ai ai.

[Pois então, sigamos (siguemos? Socorro, Pasquale!) em frente.]

Livro Number 1 dos últimos tempos: Barba Ensopada de Sangue, Daniel Galera (não aceitarei piadas infames com o nome do autor, please)
Esse não é o tipo de livro que costumo ler até porque quando consultei minha pequena comunidade do facebook eu queria mesmo fugir do suspense/assassinato/sequestro que perturbam muito a minha mente quando vou dormir.
Breve sinopse: Um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores.
Falando assim, pode parecer estranho e até um pouco misterioso mas o livro não tem esse viés. A história nos conta muito sobre as perdas ao longo da vida e como o ser humano é capaz de lidar com as transformações ao longo do tempo...entendi que o autor também constrói o personagem principal como um ser solitário (e que realmente é só, em Garopaba com a sua cadelinha fofa toda vida, a Beta) em diversos momentos da história mas que na verdade, nos vemos muito nele quando passamos por períodos sabáticos em nossa própria vida, após algo muito ruim acontecer conosco: a perda de um ente querido, um término conturbado ou no caso, o sumiço de um parente ou a vontade imenente de se afastar de tudo e todos e construir um mundo só nosso.
Eu me emocionei muito e chorei o último capitulo do livro todo.
Palmas para esse autor brasileiro que fez essa raridade! Super indico e já quero ler outros livros dele.



Livro 2 ou “Aquele livro que eu sabia que ia amar antes de ver até mesmo a capa”: O Segredo do Meu Marido, Liane Moriarty




Gente, quando tem escrito na capa: Best Seller número 1 do NY Times eu não sei se comemoro ou se fico triste. Eu ainda não me achei como leitora nesse mundão: não sei se quero ser julgada por estar lendo o que todo mundo lê mas, ao mesmo tempo, como ficar de fora de uma história tão vendida e aplaudida mundo a fora?  Tô confusa, help urgente!
Quer me fazer feliz? Joga todo um conceito de “Desesperate Housewifes” como pano de fundo, uma carta misteriosa e um segredo que poderá destruir muitas famílias ao mesmo tempo. Essa é a história de Liane Moriarty e que me pegou rapidinho. Li em menos de um mês, também com o balanço maravilhoso da Linha 1 do metrô (ô, glória!).
Achei a história bem convincente mas admito que na metade do livro já sabia o que ia acontecer e já tinha descoberto o segredo do marido (dur!)...mas o legal nessas histórias são os personagens entrelaçados e como uma ação que você faz em seu passado desencadeia uma série de atos que você não tem como controlar, aqui no presente.
E claro, é assustador perceber que todo mundo ao seu redor tem um passado e que não conhecemos as pessoas a fundo nem que se a gente quisesse muito.
“That’s a secret that I’ll never tell you”. Algo meio Gossip Girl sabe? (sds Blair!).

Bom, que texto logo. Mas como ninguém vai ler essas dicas mesmo já que não sou nenhum Bonequinho do Globo para me consultarem no fim de semana, me despeço.

A última dica é: parem de comprar livros e comprem um leitor digital! As árvores agradecem e você dorme com a consciência tranquila que está fazendo sua parte por um mundo melhor (aham).

=*


AHHHH! Eu baixo todos os livros nesse site aqui: http://lelivros.link/book
Você baixa o livro em ePUB e depois passa para o leitor como um pen drive. Molezin de quarta-feira hein?! Nem sai amanhã para ficar lendo a vasta coleção que eles possuem (aham).

segunda-feira, 2 de março de 2015

O amor nos tempos de zapzap.

- Oi, bom dia!
- Oiiii bom dia meu amor. Não me ama mais?
- Oi?
- É, mandou um "oi" só com um "i". Eu mandei com váááários, viu? Eu te amo! você deixou de me amar!
- (....)

O amor nos tempos de whatsapp, msn, instagram e facebook. O amor no seu modo mais carente de ser.
Você pode achar que isso é uma maluquisse de alguma maluca descompensada na sua loucura de tpm mas não. Essa já fui eu há alguns anos atrás.
Há alguns anos que eu era mais carente e insegura com meus namorados. Ainda sou, but who cares?

O amor nos tempos de hoje não é fácil, gente. Tem um leque de opções para nos sentirmos pra baixo e inseguras com o ser amado.

É aquela blogueira sarada que exibe seu (joga!) bumbum pro alto todo empinado sem nenhum celulite, aquela vaca, porque eu não assim?
É aquela amiga que curtiu a foto dele no insta e você pergunta quem é e o ser na maior parsimonia, responde: Ah, é aquela Carol que morava no meu prédio. Lembra que te falei dela? Não, não lembro. E eu haveria de lembrar, seu puto, porque eu lembro até a cor do esmalte que eu usava quando a gente se conheceu e a cueca que você tirou quando transamos pela primeira vez.
Tem aquela amiga super carinhosa que marca seu gatinho em mil fotos de zilhões de anos atrás e escreve com a carinha mais meiga e abusada: saudades dessa época, turma! Turma? Só tem ele e ela na foto, vai entender.
Ou então é aquela peguete que você finge que não vê (mas temos olhos nas costas, fica a dica!), mas ressurge das trevas por inbox do facebook desejando parabéns e muitas felicidades e carinha feliz. Sim, carinha sorrindo. Pelo menos não foi carinha de beijinho porque aí seria o fim, né. Pois bem.
Ainda bem que tem gente que me entende.


O que me incomoda (e com certeza, eu cobro, shame on me) é essa urgência e essa prova de amor a toda hora.
Antigamente não tinha esse disse-me-disse. Não tinha uma cobrança de postagens e declarações. De delets e de add.
Não tinha como contabilizar o amor na quantidade dos pontos de exclamação ou da foto do facebook.


Eu sei, vocês vão falar "tá louca essa menina, eu não sou assim!". Eu sei! Eu mesma me acho louca e eu mesma já melhorei muito. Haja rehab e respirações fundas hehehe #abafa
Mas atire a primeira pedra quem nuuuunca ficou incomodada por um simples "saudades, primo!" nas redes sociais. Sim, PRIMO. Mas se eu fosse prima do Cauã Raymond eu também me derreteria por ele de saudades então vai que, né. 


Sinto pena da nossa geração. Sinto raiva do Stevie Jobs que inventou o Iphone. Sinto raiva do Marckzinho que nos tornou viciados no Facebook e mais recentemente, obcecados pelo Instagram.

Sinto mais raiva na verdade de mim mesma por ser tão escrava de padrões da sociedade, das primeiras impressões, das declarações instantâneas, das fotos que nunca desbotam (saudades da Polaroid que nunca tive). Raiva. Raiva. Raiva.

Sinto também vergonha. Vergonha das cobranças, dessa personalidade urgencial, da carência que só uma escorpiana dramática pode ter. Sinto muito, baby.

Quando tudo que eu mais queria sentir não era uma mensagem de bom dia virtual mas sim aquela mãozinha em cima da minha, melada de manteiga, dentro do escurinho do cinema. Fazendo algum comentário babaquinha sobre o peso da mulher a nossa frente. Seria tão idiota mas tão feliz.
E ninguém estaria vendo ou fazendo poses. Nem usando filtro.

Só seria amor real. Longe das telas. 


> Obrigada meu amor por sempre me fazer sentir isso. E por ter sempre guardanapo também para essas mãozinhas de manteiga pós Combo Mega. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Abstinência da Alegria

Começa com o prelúdio anunciado. Depois que passa o dia 1 de todos os anos, se diz:
- O ano só começa depois do Carnaval.

Tiram as fantasias desgastadas do armário. Não importa o furo ou remendo: isso apenas mostra que se divertiram no passado.
Tem peruca também. Alguns colares de pérolas e pedras falsas. 
Tem um brilhinho escondido que derrama pelo quarto e bagunça tudo.

Acho que na verdade, bagunçados somos nós. 

Em alguns dias somos tudo: reis, magos, sereias, pintores, piratas, heróis. Artistas. Sonhadores. Opressores.
Sim, opressores! Do mau humor, da cara amarrada, do sorriso fechado e do coração vazio.
Somos o Carnaval!

A gente desconstrói tudo. A hora que costumamos dormir não se passa nos relógios. É o mundo paralelo das ruas, dos becos e vielas lotados de foliãs... de beijos escondidos, dos abraços em grupo e da festa coletiva.
É dia de pedir uma cerveja para o rosto desconhecido e receber como resposta: "mais uma dose, é claro que eu tô afim". O sorriso se faz de graça. A gente se empurra mas na verdade, se abraça!

É um tempo intenso. Os amores são eternos. Quando termina, parece que se foi pra sempre. Ficamos arrasados. A maquiagem escorre, a purpurina se esconde embaixo da cama, as fantasias voltam para as caixas e malas.

A gente acorda na quarta-feira cansados, suados mas inteiros. Jogamos uma água no rosto, espalhamos o perfume da felicidade pela casa e vestimos a carne e o coração de novo, prontos pra outra. Pra outros. Pra voar alto, ser livre e só mais uma na multidão.

E ser mais uma na multidão colorida já não importa muito, eu acho. Pois bem, de verdade, importa TUDO. Sou como você, como ele, como nossos pais um dia foram: sou Carnaval! :)

Ano que vem eu volto e te mostro que a fantasia é eterna sim. Só a gente que não vê. Te espero embaixo da girafa amarela, do estandarte mais bonito, sem esse negócio de celular pegar. A gente se encontra pelo olhar! Te espero no pelô, nas vigas da Perimetral, embaixo das ladeiras.
Graças a deus, te espero sempre no verão. Que bom que esses dois sentimentosd caminham juntos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

solidão de carnaval

Alegria de graça, de repente
Machuca a gente, dá medo. Parece que vai embora!
Junto dessa vida que passa rápido, que apresenta e esquece as pessoas. 
Que transforma a saudade em solidão... Mas a alegria chega: não se aperrea não!
Ela aparece, nem que dure um dia de trabalho, de aniversário ou de verão.
Ou dure até a quarta-feira de cinzas, até o último folião! 
Ela se chama Carnaval e está intitulada como a festa maluca das multidão!
Ou para falar humildemente, a alegria menor de todas, a felicidade instantânea que poucos mortais conseguem ver...
Do que eu tô falando é fácil. É sentir pra crer:
Amor de graça, cafuné no cabelo, nutella no pão quentinho. Seu time campeão.
Uma amor conquistado. Um ombro amigo. O ombro acalorado das despedidas.
Ou então... pode me chamar de maluca: um bom e velho sapato. Surrado, sujinho e acabado.
Li agora e pois bem: sou maluca mesmo.
Daquelas que acha que um sapato resolve tudo: calçando o dito cujo, varro os problemas pra baixo do tapete. Danço até de manhã.
Aquela lágrima que insiste cair mas hein
, não se avêxe não! Calça a sapatilha e vai ser folião!
Até nos momentos de euforia... Naquele sábado de carnaval...
Já fui pierrot, baiana e colombina.


Agora sou no meio da multidão só mais uma máscara a dançar sem emoção.